domingo, 6 de novembro de 2011


AO CABO DAS TORMENTAS

Gastei todas as memórias nessa noite de Setembro. Saltei pelos campos floridos da juventude e pelo brazão da identidade pré-adulta, fabricante de quimeras autocentradas e fogazes. Sempre que passo por memórias de tal tamanho, relembro todas as mulheres que me fascinaram, que a mim se entregaram e se aludiram à evasão. Compulsões tantas que muitas se perderam no vácuo de milhões de sinapses falecidas no tempo. Reencarnarão num outro lugar físico, numa outra luz química, nesse eterno esquecimento radiante e luminoso de memórias vãs. Flutuam auroras boreais mesmo acima de mim. Energias astrais de um magnetismo absorto e resoluto. Conheço estas regressões. São sãs e comedidas. Fluentes e expeditas nas imagens projectadas. Generosas na filosofia que as envolve e sábias na contemplação do que as envolveu e as move no mar morto onde se encontram agrilhoadas num passado mais ou menos distante. Passado que não existe. Presente que não vive. Condicionadas pelos memes de uma cultura, de uma ideia de um todo que subtilmente se dilui no presente. Corrolário de memórias que ciclicamente sofrago ao longo dos anos, ao longo do destino. Esse tempo encarcerado no hábito de permanecer vigilante, constante na contemplação do mundo que nos rodeia, que nos cerca, que nos liberta, que nos prende ou nos solta. A circunstância de mim, a circunvalação constante do meu átomo, a vibração permanente das minhas esferas, do meu vasto vazio interior, do meu todo. O todo eu que me determina e me dá vida e que no misterio sempre culmina suavisando a descida ao retorno de si. São memórias e traços ligados num infinito perpétuo, simples… passado perfeitamente imperfeito. Memórias de um dia, de dois anos de três séculos e muitos outros milénios num só universo, global, ligado por vibrações mágicas, sonantes, revolventes, ressonantes, brilhando em todos os seres, por toda a vida, por todas as vidas, por todas idas e vindas. Admiro as formas fogazes do espírito e as formas inertes da matéria que suavemente se molda com o tempo, um tempo perdido, aparentemente ao alcance da mente, mas que apenas no coração se entende e se vive em pleno. O dia sossega a sombra que nos envolve, o mistério que em nós ressoa e vibra por todo o sentir, por todo o tempo que se acomoda no devir.

Sossego horrores e esperanças por mares calmos. Vislumbro a energia que se solta a cada instante, que se transforma e recria o eterno presente. Constância inconstante que reverba e pulsa na acção de viver, de sonhar… As formas que dinamicamente se revolvem nos mesmos elementos do ser, por entre tecidos e entranhas químicas e enlaces energéticos fluindo no etér dos corpos físicos e eternos. Sucalcos de quimeras e sensações reluzentes, por encostas soalheiras e penetrantes. Cultivo de mil flores por entre amores e desamores que nos cercam uma tácita maneira de ser. Supero o engano e a espera. A vida é serena e bela! A vida é perene e caduca num simultâneo de cores e paradoxos sem fim. Infinitos finitos que se perdem no tempo e no espaço imaginário de mim. Vulgo a experiência da contradição… miríades de opiniões, outras tantas compulsões. Paradoxos vulgares. Desenganos tardios e complacentes com a indulgência de ser e de existir. Sopros flamejantes que refrescam e sustentam a mente de cada um. Pleno de sentir. Estou pleno de sentir! Soltar o vento pelos caminhos a cumprir. Por todos os caminhos, em todas as voltas que faz sentido repartir. Partilhar é a meta a completar. A volta a dar. A madrugada que se avizinha por um novo olhar. Juntos é mais fácil!
Caminhar sozinho no meio da noite escura ao luar, pelo luar. Salvé o Luar. Riscos vãos. Iscos vãos. Riscos e traços repartidos no branco prata luar. Divino o cantar das aves noturnas que ressoa pelo espaço envolvente e que tomba o silêncio da noite numa nova madrugada. Rasgos de fontes abertas em sombra de abetos.
Tantas memórias. Memórias tantas no tempo em que se perdem e revolvem, na memória adormecem e na memória se acordam sonhos e traumas há tempo fendidos, ressargidos e estilhaçados e que na entropia do corpo e da mente se lavam e renovam até ficarem captivas num qualquer espaço tempo mentecapto.

Sobrolho de novo e … Velozmente sigo a passos para o abismo. Corro por entre linhas e espaços num tempo sem fim. Abraço a respiração e a solitude da viagem a sorrir, sem descanso nem memória do sentir. Sofrago os desejos por miragens vãs e coloridas, desejos de mil cores, de mil subidas e descidas. Instabilidades serenas no secretismo da alma e do viver, que vão desabando e desbandando a ética do ser, construindo um paradoxo do sentir, paradoxo risonho de viver. Salto alto por entre as imagens que criei, que crio, que vou encontrando por aí. Iludo-me na presença de outras vontades e teorias, consagradas na interacção banal e típica de passar o tempo acompanhado por gargalhadas, ironias e derrotas disfarçadas de descuido e descabimento de uma pose, uma gralha ou de mais um cabelo branco criado pela entropia cerebral de células físicas e sinapses desconexas e anoréxicas de verdadeiro alimento. Desiludo-me da ilusão que elaborei por elucobrações desmedidas e quiméricas voando pelo ar desaladas de paixão e comedimento. Condimento borrado e forçado pela cegueira de querer alcançar um tal objectivo desmedido e desvinculado do centro de mim. Perco a sensatez de clarificar-me e limpar-me de desejos ocultos e inconscientes que perduram no limbo da separação de mim mesmo, entre o ego e o altruísmo de permanecer só para mim. Aqueço no inconsciente onde permaneço uma temporada sem fim! Retoco a saída e retorno ao Hades por mais um tempo indeterminavelmente incerto e inevitável a fim de voltar a polarizar o mais puro que existe em mim. Retorno eternamente ao eixo que me equilíbra entre polarizações extasiantes e dolorosas de sentimentos imberbes e assexuados de magia viva, como carbono para a vida, numa espiral sem fim. Frutas sasonais, de variados paladares, excepcionais no trincar o momento do prazer de viver mais um segundo, mais um profundo e ascético momento na certeza de viver. O suco fulgorante, mágico e sensitivo flui por corpos de sensações perenes e caducas para se transformar em memórias esquecidas de uma entidade perdida em mais um universo constituído por portais de fractais e segmentos vivos e ressonantes.

Soltam-se espaços e tempos brancos de silêncio e fogueiras de espíritos livres e cavalos soltos numa planície de vermelho sobreada pelo crepúsculo a Oeste. Caem as amarras de um sonho mau! Desmbarca o veleiro para o amor e o mar da tranquilidade…

É magnético e sublime a atracção para mim de ti. O momento de há instantes perdi, como todos os outros que anteriomente transformei num outro presente em que estou e ao qual não mais voltarei. Colho pérolas por cada instante. Deleito-me no mel que a química me apresenta em todos esses instantes.
Nao me lembro! Como foi? Já não é?
Doce o sono que me leva e eleva telepaticamente até ti!
E depois adormeci.


II
Rosto preso no horizonte incerto e desperto de uma manhã chuvosa e abençoada. Reviravolta na sorte da vida desmesurada. Simples e fiéis são os ciclos por que passamos nas estações da vida contínua, mutável, eterna… Chuva de prata e saudade pela sua húmida ternura que no tempo se molda e molda tudo o que toca e onde se aloja. Poldra que nasce na base da sua árvore mãe, permitindo o eterno e assinalando a caducidade de tudo. Ouço a chuva enrolada no vento de mudança a bater nas janelas da casa de campo, onde o som tem mais oitavas e o ouvido se purifica do sonambolismo da cidade adormecida, onde todos vestem pijamas e vivem sonhos e pesadelos humanos numa poluição atordoante, funesta e desconcertante. A cidade onde o desmazelo é lei e a indiferença rivaliza com a balbúrdia.
Sinto um navegar de dentro para o horizonte, a sul, numa toada despertante.
A chuva cai mansinho e hamoniosamente, sem perturbar… relega-nos para dentro, na cama estendidos em mais um serão. Adoro a chuva e o vento que anuncia a mudança necessária na condição esférica que nos é inerente. Perfeição animada da ilusão do tempo e dos sentidos. Mudança estática de avanços e retornos, humidades e desertos, percepções e sentimentos. Colecta de mudanças em folhas novas e mortas, transmutáveis e sem sentido. Paradoxo pervertido num jogo de dados jogado, por leis avesas e aversas, dignas e infalíveis, pela física cósmica, condensada e fértil que por todo o lado ressoa, num crescendo orquestral de maneio magnânimo e universal.
Passo descabido por entre ruas e travessas afoitas, pracetas de alegria e becos de descontentamento, desaguando sempre nas grandes avenidas …

Trabalhava apenas para viver alguns dos costumes da terra, do país.


III
O acordar de um sonho mau. Um regresso obrigatório ao passado condicionado pela mente presa a si mesmo. Soltei a corda, larguei, deixei ir… deixa ir, sonegando essa mente condicionada, libertando o passado, as formas do passado, após visualizar, viver e sentir o que de facto me faz falta e onde está a necessidade estruturante.
Recolho sombras que se vão alongando pelo chão sem fim ao olhar cabisbaixo. Recolho traços indigentes e saltitantes pela falta de abraços reconfortantes. Saudades de mim! Sentimentos afins. Éguas soltas e labrintos de saudade e verdade que se prostam em mim. Força mítica de um tal minotauro que guarda o labirinto invencível, infindável e insondável mesmo aqui, dentro de mim. Sem fim de mim. Não tenho fim! Tenho apenas um princípio dentro de mim. Ajoelho-me por vezes no que resta de mim, apelando ao fim do fim.
Corro desagregado no tempo carregado por um espesso nevoeiro salteado de humidade e com odor a jasmim, por todo o lado, por todo o princípio e fim. Ao fim ao cabo, no cabo me atormento, à chuva e ao vento que me empedrece e envelhece desta forma afoita, assim, tão dentro de mim!

A cerca cerca-me as voltas e as sombras acercam-se de mim. Grande a sombra que visualizei de mim e que reconcilio agora mesmo à beira do fim!


2011

domingo, 21 de agosto de 2011

POEMAS: O PRIMEIRO DECANATO

Terminei a edição dos meus primeiros dez anos de Poesia (ver página Poemas: O primeiro Decanato). Uma  compilação de quase todos os meus poemas desta primeira decada de escrita poética, iniciada na primavera de 1993 (pelo que me recordo a dia 17 de Março) prolongando-se até ao final de 2003... Navegando por este período de tempo, esta compilação materializa uma ornamentada afectividade juvenil, rica e instável, vagueando por profundas projecções amorosas e enaltecendo o sonho e a memória das ilimitadas águas de Neptuno que muito e generosamente me banham na presente encarnação... 
Muitos dos Poemas compilados com data entre 1993 e 1999 fizeram parte de uma outra publicação levada a concurso no final de 1999.


Seguir-se-á o segundo Decanato...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

TÊMPORA LUSA

Têmpora Lusa
tempo de vida,
serpente na sorte revertida
nos sentidos usa
o mistério da vida.
Templo de amor, de cor indivisa
vive no vento
oscilando harmonia,
em alma ígnea
se estende no tempo,
tempo de amor
Têmpora Lusa.

Templo de escrita
palavras e sons
de dores e cores
Saltitante nos tons
de azuis e marrons 
e sétimas imperfeitas
alegrias e risos
maleitas e dons!

Têmporas precisas
na mente prescritas
da luz consciente.
A mente presente
no espaço equilibrado
p’lo tempo suavizado.
Têmporas precisas
sensações inscritas
audíveis,
extensíveis,
de memória ensopada
mergulhada no nada!

Têmpora Lusa
tempero português
alma difusa
que das águas se fez!
07/2011

No fim das férias ... parte II

...na sequência do texto publicado há dias, senti-me tentado a dar-lhe continuidade... 


Hoje provei-te numa sopa de deleite imaginado. Senti-te perto, tão perto que te saboreei no meu paladar… de coração calmo, desperto, senti-te em todo o meu redor, nos meus braços, na música audível, atrás da cortina, no canto mais discreto, no cantar da tua voz, nos olhares fechados, na palma da mão, mesmo em frente ao meu nariz, bem dentro do coração. Novo o gosto do paladar. Novo o conforto em redor. O silêncio da tua presença invadiu por horas todo o meu universo presente, não apenas o eu, mas todo o self. Que evasão essa invasão premente!
Um relento no ar repousou no todo esse momento duradouro de silêncio, uniforme, constante ... um relento de veraneio, fresco, saudável, de bom gosto. Gosto dos olhos fechados e da palma da mão aberta, serenamente aberta ao relento, não vá piscar os olhos e os trocar, deixando-os abertos e de mão fechada!
Tudo, tudo muito devagar, nos compassos da Serenata ao Luar, tocada de mansinho, em tempo de lua gibosa, quase plena no reflexo exteriorizado do seu vazio interior de sempre, ao relento, no verão, perto do mar…
Tive a sensação de que nada tinha fim, tu não tinhas fim, a sala não tinha fim, nada, absolutamente nada tinha fim… tudo se alargava infinitamente numa multiplicação de tempo e espaço, uma quarta dimensão multiplicada por dois, por três… um momento sem fim, eterno… ilusionismo eterno, inteiro, sem juízo de ver acontecer!
Serenidade absoluta no te abraçar... Vontade de romancear os teus sonhos, tuas paixões, tuas vontades, teu navegar… sem nada pedir, sem pestanejar. Suar-te no te amar, no exercício desse poder, altar sublime, onde tranquilamente devagar o amor pulsa sem compulsão, vive a união dos contrários, o paradoxo evidente, o lugar comum, o gosto apurado do meu paladar, a conexão divina, o horizonte sem fim, o mar... lugar sublime que, tal como a palma da minha mão, está na vida que há em mim… silêncio arrebatador!!!
Vida, esse grande mistério que me agrada seguir...!

07/11

sábado, 2 de julho de 2011

Eu os eclipses e o meu Sabiá... é lindo!

... involto em pleno solstício de verão e com três eclipses (2 do sol e um da lua) por entremeios, levei-me a mim e ao meu caro sabiá, meu violão (de momento personificado na minha nova taylor baby ... três quartos de viola, mas que som!!!) desafiando e desafinando esta tremenda simplicidade lírico musical, fascinante de se ouvir e tocar ... Que coisa mai linda... tudo por causa do amor...


A Garota de Ipanema
Tom Jobim e  Vinícius de Moraes

F7M                                       G7(13)
Olha que coisa mais linda mais cheia de graça
                            Gm7
É ela menina que vem e que passa
            C7(9-)                Am7(11)   Ab7(11+)    Gm7(11)   Gb7(11+)
Num doce balanço a caminho do mar

 F7M                                G7(13)
Moça do corpo dourado do sol de lpanema
                                Gm7
O seu balançado é mais que um poema
                C7(9-)                F7M
É a coisa mais linda que eu já vi passar

F#7M                     B7(9)
Ah, por que estou tão sozinho?
F#m7                          D7(9)
     Ah, por que tudo é tão triste?
Gm7                     Eb7(9)
     Ah, a beleza que existe
     Am7               D7(9-)
A beleza que não é só minha
 Gm7                C7(9-)
Que também passa sozinha

F7M                                 G7(13)
Ah, se ela soubesse que quando ela passa
                               Gm7
O mundo sorrindo se enche de graça
             C7(9-)              F7M
E fica mais lindo por causa do amor
C7(9-)            F7M
   Por causa do amor
C7(9-)            F7M
   Por causa do amor.

Que acordes, que harmonia... a minha aprendizagem e regozijo das últimas e próximas semanas!
bom fim de semana.

No Fim das Férias

Olá minha linda menina!
Em que estado te encontras tu? O que tens feito e o que tens tu sonhado? Como estão os teus lindos cabelos, essas tuas revoluções?
Tenho saudades de ti! É o sabor do tempo que digere as saudades. Saudades essas que tenho dos teus cabelos lindos que nunca vi!

Sinto falta de te ver e ouvir. Mas de quantas coisas sentimos nós falta!? A vida é um mistério que pouco a pouco se revela a cada passo. Mas o mistério é belo e é preciso saber pô-lo do nosso lado. Lembro-me dos passos que demos lado a lado, do mistério que nos uniu por uma verdade e que aos poucos nos foi revelado. Uma verdade de, por uns tempos, poder sonhar e desafiar o que nos transcende no meio do eterno conflito de todas as nossas faces, de todos os nossos dias.

Talvez por saudade do tempo, apeteceu-me divagar contigo... e contigo divaguei! O resultado está nestas páginas...

E tu...?
Amante do saber,
e do corpo daquele que sabe,
vestes-te de mistérios
e por eles te deixas envolver.
Por eles te atrais sem sucumbir
à procura da verdade
e da razão de existir.
Deusa do Homem, filha da humanidade,
adulta te encontras em tua breve eternidade.

E eu...?
Sinto vontade de te tocar ao recordar-me dos tremores que invadiram os nossos corpos em nossos segredos, singelos, de tão variados encontros... Em Everyone Says I Love You vivemos um acto terrorista que viria a mudar sentimentos vários, numa brevidade de tempo, que por essa altura se aproximava...
A vida compõe-se sempre p'los mesmos elementos: acção, sentimento, pensamento e percepção. As distinções do real... as mudanças e mutações porvêm da combinação desses mesmos elementos. O novo surge sempre numa irracionalidade liberta da racionalidade anterior. É disso que se trata a paixão, o amor, o saber e todos os estados que aparentemente surgem como novos.
O extravagante menino tímido que, como um rio a montante, muito se agitava a novas combinações!! Que extravagância!!


O que é que vamos fazer?
Jantar ao meio dia ou ver a praia na cidade antes do amanhecer? Vamo-nos conhecer? Sim, claro, conhecer o sagrado e o profano de cada um de nós, que nos une em todos os nossos actos. Afinal, o fim do mundo está próximo! Pelo menos diz a profecia!
Não, pelo contrário, vamo-nos endividar para a eternidade com promessas efémeras que resistem ao tempo apesar de tão curta duração. Tal como o relógio do tempo, as efemérides nunca mais serão as mesmas. Parecidas talvez, mas nunca mais serão as mesmas e para sempre foram mudadas. E que interessa isso?, quando, também nós nunca mais seremos os mesmos! Apenas é preciso acreditar!!! Eu acredito em ti? E tu?


Talvez...
Sim. É claro que sim!
Afinal tudo passa por aí!
Não como um meio,
mas para um fim.
Desse fim ...
desse talvez ...
nunca nos libertamos
pois assim,
intentos nos prolongamos
sobre a guarda do fim,
do porvir, que, por sua vez
nos sublima e se encontra nas sucessivas vontades deste nosso subtil ser...
Esse, essa, Tal Vez ...

Um beijo
19/09/2001

Tesouros

encontrados no vasculhar desta semana documentos de longa data... :) que agradável surpresa!!! nem me recordava ... uns, Caderno de Textos, soma de breves tentativas para iniciar uma narração ou talvez crónica..., outros acumulam-se numas quantas notas, citações de livros e citações próprias, títulos ou temas para livros, teoremas epistemológicos... de um hiato temporal entre 97 e 2001 ...  

Retratos de fantasias pessoais...
Publique-se ...

"Os Homens do deserto são os mais amigos e generosos porque não possuem nada.", in O Alquimista de Paulo Coelho, (leitura provável de 97)

Assim como eu e todos estes excertos pessoais publicados ... ficamos mais amigos e generosos, pois já não nos guardamos só a nós!


CADERNO DE TEXTOS

TEXTO Nº 1
Passeava de mansinho perto de uma casa abandonada. O sol de Outono, enganosamente, germinava ervas daninhas entre as folhas caídas e apodrecidas nesse dia soalheiro e melancólico. No meio, soavam alguns sons frenéticos e agitados, como se de neurónios electrizantes e dopados de trata-se. Era a angústia que elaborava tais imagens no deslocamento à solidão sentida e desmedida dos meus pensamentos, sem os poder comunicar com ninguém. Sim, comunicar, num sentido de um qualquer interlocutor que fosse, e me ouvisse e compreendesse nesse Outono primaveril que se apodrecia cada vez mais e se aproximava do Inverno.
O mar ripostava num certo brilho de desafio e longevidade que atiçava as folhas caídas de coragem para a boa primavera desejada e interiorizada nos pensamentos.
Desfraldei-me do cinto apertado e fiquei nu ao sabor do vento tão apetecido e refrescante, que demorei mais duas horas nesse estado febril. Ao dar conta do tempo, assustei-me, pois o sol, já se esmorecia pelo horizonte incerto e sonhador, na revelia e coragem que me impôs para o sonho e o adormecer desejado ...



Outros se seguirão...


sábado, 25 de junho de 2011

Um dos meus excertos favoritos...

...

"And a woman who held a babe against her bosom said, Speak to us of Children.
And he said:
Your children are not your children.
They are the sons and daughters of Life's longing for itself.
They come through you but not from you,
And though they are with you yet they belong not to you.

You may give them your love but not your thoughts,
For they have their own thoughts.
You may house their bodies but not their souls,
For their souls dwell in the house of tomorrow, which you cannot visit, not even in your dreams.
You may strive to be like them, but seek not to make them like you.
For life goes not backward nor tarries with yesterday.

You are the bows from which your children as living arrows are sent forth.
The archer sees the mark upon the path of the infinite and He bends you with His might that His arrows go swift and far.
Let your bending in the archer's hand be of gladness;
For even as He loves the arrow that flies, so He loves also the bow that is stable."

...

from The Profhet, Kahlil Griban, 1923




Depois de uns bons meses sem escrever poesia .... São as Águas de Março...


Após uma boa temporada sem caírem folhas secas ou soltas lá saiu, compulsivamente, algumas frases ... :)

No silêncio compreendemos os nossos ditos
encontramos-nos, sabemos quem somos, a vida que seguimos.
No poema arde uma chama que corteja a verdade dos nossos gomos,do profundo ecoar dos sonhos, 
em rotundante e sonantes vibrações
celebrando o alcance e a vontade de entoar os nossos corações.

O Passado perdura nas nuvens do tempo inacabado e imperfeito
nos genes perdidos entre duas vargens,
na verdade guardada no peito.
Silenciar a dor há muito perdida,
vaguear nesse horizonte, em deleite,
voar sobre a terra prometida
até silenciar em definitivo no leito.

Saudades de mim!




Há quanto tempo no centro não te vias,
há quanto tempo no poema não vivias,
há quanto tempo na alma não te perdias
num olhar de espanto e contentamento!

Sobeja flor de fragrância eloquente
errante no caminho da mente
na emoção que a tempestade volveu
esse teu ser, esse teu eu!

O regresso, por fim, aceite
sobre espadas defesas da mente, bem treinadas
por uma luz induzida em azeite

iluminam todas as barricadas!

Aí vens tu, de regresso a casa!




Luar

Um passado cheio de matéria
de matéria inerte de onde luz floresce e um constante germinar de vida,
de nova vida.

Um passado preenchido de memória,
tal terra fértil onde a vida se renova... a cada instante!

Um universo que se expande
por uma matéria escura, vivida, consumida,
que aquece a memória de combustão recalcada,
suada...

Escuridão vazia entre pontos de luz,
entre pontos de fogo e amor
que iluminam esse vasto vazio interior.

Um vazio que tudo alberga
que todas as formas conhece.

Um vazio que enxerga,
que dá corpo ao passado que a todo o instante padece
e em redor de um eixo se repete,
constantemente,
e expande esse vazio por todo o lado.


Vazio interior,
feminino,
taça da força superior...
Força de instinto faminto,

que se atesta em amor!

15-03-2011





Um Inverno,
longo...


Um beijo que tarda
num vazio que cresce

Uma estrada bifurcada em nada de nada
Uma falsa memória
Um amor (a)guardado
Um lado vazio num ser retornado
Um desejo vadio
Um mar desperto
Um luar brilhante
Um olhar discreto
Um gozo errante...

Um beijo que tarda
num Inverno cessante!

20-03-2011






Voando No Tempo

P’lo tempo voo no momento,
no momento que estou

no presente
no momento que vou voando no tempo
p’lo instante que voo nesse momento
de um tempo cessante, batente
que tão bem se sente
nesse breve instante do presente!


Esse presente do tempo,
embrulhado p’la mente
do passado que prende esse tempo semente,
esse passado presente
que voa p’lo tempo da mente que fende
por esse passado há muito o presente...


Passado que pede futuro num tempo presente.

Março de 2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

E assim acontece!!! :)

Um blog? ...escrita que se alonga pelo ecrã... e assim acontece o início de uma nova cortina, ou, por assim dizer, uma janela, que se espera aberta e arejada de emoção e sentimento... Palavras voláteis, esse corpo de ar que umas vezes se apresenta mais húmido outras mais seco, mas que tão bem nos transporta por esse espaço tempo que somos por dentro...




O meu primeiro verso...


Ao longe te vejo,
Nos olhos te quero.
No corpo te sinto,
Na alma te espero!
                                               Março de 93